Para saber mais sobre a importância da cruz na heráldica brasileira leia Nossa Bandeira, de Joaquim Redig (Ed. Fraiha, 2009).  
 
Apesar de especialistas defenderem ser mais correto chamar de cruz da Ordem de Cristo o desenho encontrado nas velas dos navegadores portugueses, de cruz Patéia a atual forma vascaína e que a cruz da Ordem de Malta  trata-se se de uma terceira variação, a limitação dos meios de produção antigos resultou em formas bastante similares dos três tipos de cruzes encontrados em objetos históricos, o que no mínimo torna possível certa polêmica.  

Nenhum outro clube no Brasil possui uma ligação tão forte com um símbolo. Enquanto a quase totalidade dos times do país do futebol tem suas identidades referentes às cores ostentadas em seus uniformes e bandeiras, sendo estes próprios e seus torcedores conhecidos como alvinegros, rubro-negros, alviverdes, tricolores ou outras combinações cromáticas quaisquer, há um caso que foge totalmente à regra. Não se trata do Cruzeiro, com a constelação que por tantos anos reinou absoluta em sua camisa, já que este encontra no azul celeste sua maior marca. Nem mesmo o Botafogo, orgulhoso de sua estrela solitária, chega ao ponto de renunciar à alcunha de alvinegro em favor de algum neologismo tal como “estrelino”.

Logicamente estamos falando do Club de Regatas Vasco da Gama, e apenas uma das tantas características que o diferencia de seus rivais no Rio de Janeiro. A forte relação de seus torcedores com a cruz que acompanha o Club desde sua fundação faz com que as cores preto e branco, que sempre ocuparam a maior parte de suas camisas e flâmulas, sejam consideradas coadjuvantes do adorado símbolo, de modo que nenhum torcedor se reconheça como alvinegro, e sim através de um termo que evidencia o sentimento único: “cruzmaltino”.

A famosa cruz adotada pelos cavaleiros templários, mantida pelos seus sucessores da Ordem de Cristo e espalhada mundo afora pelos grandes navegadores portugueses foi apropriada pelos brasileiros, de tal maneira a tornar-se um dos maiores signos heráldicos do país, onde é popularmente conhecida como Cruz de Malta. Ao longo da história, apresentou diversas variações em sua forma, e em se tratando do Vasco da Gama a situação não é diferente. Se mesmo a cruz oficial do Club, encontrada nos escudos e em todos os seus símbolos, modificou-se ao longo de sua centenária trajetória, há também as infinitas interpretações realizadas pelos seus milhões de torcedores, que na busca por expressar sua paixão através de um desenho, cuja força está na simplicidade, somam um toque pessoal ao resultado final. Cada um acaba criando a sua cruz. Mas são todas a mesma cruz.

A fonte COLINA é um registro das transformações da cruz vascaína, famosa por ter guiado também o caminho dos negros brasileiros até o elitizado
football do início do século XX, ocorridas desde sua estréia no esporte bretão, após anos de sucesso nas regatas. Diferentes faces do símbolo colocado no peito por todos os que já defenderam o Club da Colina nas pelejas futebolísticas foram reunidas em uma fonte digital, de modo que todo cruzmaltino poderá escolher qual ficará melhor no papel de parede de seu computador, na camisa que for criar para torcer pelo seu time, na imagem de seu blog ou no que mais sua criatividade precisar. Se antes o “X” da fonte Wingdings, onde se encontra uma cruz semelhante à vascaína, era a maneira mais fácil de representar o Club nos meios digitais, agora abre-se um leque de 36 opções, além da certeza de que todas já foram de fato defendidas em São Januário, no Maracanã ou em gramados pelo mundo afora.

 



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Vinicius Guimarães é designer gráfico formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ e mestre em design pela Escola Superior de Desenho Industrial da UERJ. viniguimaraes@terra.com.br | @vini_guimaraes